quarta-feira, 23 de setembro de 2009

POESIA

PILANNSBERG PARK, AFRICA DO SUL, JANEIRO 2007



Quando eu era ainda um toco de gente, nascido miudinho e triste, como quem tem fome,
num lugarzinho miúdo e triste que mal caberia no esquecimento,
eu tinha um mar. Um riachinho de água salgada.
Era, claro, igualmente miúdo e triste, o coitado.
Mas, para mim, era enorme de grande e lindo o mar que eu tinha.
Eu nem sabia porque era assim, mas ondas nele se faziam
com a minha pequena força e as pedras que eu jogava.
Alguma coisa, feliz e misteriosa, foi ficando em mim.
Depois, conheci, por força de crescer e ser feliz, ou talvez por acaso,
outros rios, outros riachos, muitos mares pra eu amar.
Mas nenhum deles tão importante, nem sequer tão lindo,
quanto o meu primeiro, triste e miudinho mar.
Márcio Ares. 2009.